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as Folhas caídas e empurradas para onde Vão?
17,00 €
Um relato poético e visceral sobre Bárbara, uma mulher marcada pela luta e pela busca incessante entre o sono e o sonho. Mãe de oito filhos, enfrenta as agruras da vida rural com resiliência, enquanto é consumida pelo agá que simboliza a sua angústia e o sofrimento silencioso. A sua trajetória, entre a vila e uma misteriosa cidade, revela um destino de transformação, onde finalmente encontra paz e plenitude entre o sono e o sonho.
Razões pelas quais deve comprar este livro
- Vida de sacrifício;
- Sonho e mudança;
- Superação da angústia;
- Poética do quotidiano:
Saiba mais sobre o livro as Folhas caídas e empurradas para onde Vão?, de Albino Baptista
A mulher pouco praticava o sono
porque não sabia dormir
preferia contar as estrelas de olhos fechados
quando as não via sentia o torpor da queda
à procura delas com as mãos a subir
olhava no sol alto e via que entre sono e sonho
faltava uma letra que o filho tinha o Heitor
o terceiro de oito que pariu à sorte no norte das noites
de noite todos os gatos são pardos
dos dias malhados tresmalhados nos prados sugados
o agá engasgava-a nas caminhadas até à vila
àquela gente que a olhava de soslaio enjoada
mas ia metendo nas mãos gretadas uns cobres
enferrujados aceites na mercearia do Sancho
onde pescava pequeninos sonhos para levar
aos oito rebentos com sono e com sonho de mosto
Bárbara na linha errante do casebre moscas cães gatos
depois do naco de broa com água da fonte enrolava-se
na palha e feno de olhos fechados com as mãos a subir
não havia estrelas o sono andava a namorar e o agá
no entre até sonho devastado de orvalho negro magoado
era angústia calada no silêncio do barulho dos oito
a vila desconfiou sem as rugas da Bárbara
partira sem saber para onde nem como nem quando
era uma cidade grande mas ela tinha roupa diferente
sem ser rota nem engelhada e estava acompanhada
sem conhecer ninguém falava ria olhava de olhos abertos
horas mortas abriu os meios olhos e viu estrelas |
afinal o destempo do sono sumiu-se num sonho
o agá desapareceu e os dois unidos beijaram-na
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